eu sei quem tu és
as ondas trouxeram-me o sol
o suficiente para te ver
e para agendar novo encontro
na folha estão as coordenadas
e tu corres em busca de asas
para aterrar do teu sonho
em terra
são as letras que te afeiçoam
é a face que apregoa a retórica
e guardas no bolso a imagem que máquina não sabe capturar
capturas-em com esse delinear frouxo
a cor negra da tinta que vamos respirando
em tempos, em infinidade, eu escrevi tudo isto
e mais escreveria se quisessem as folhas
desfolho-te, desfolhas-me, e as palavras não me deixam
nem te deixarei calar nunca
porquanto tiver o sol que me deixa ver quem sou
e a chuva onde a vida não reclama
eu poderei ler-te
ler-vos
e marcar tertúlia
das almas
para outros dias
vindouros.
um afecto enorme que eu sinto
e que não deixo nunca, não como deixaria a carteira em tua casa
ou outro objecto do meu esquecimento
eu sei quem TU és
e TU sabes quem SOMOS
porque te LÊS
porque NOS lemos
e não nos esquecemos ainda
de como se escreve
Saúdo-vos irmãos/ãs
a vida começa ontem
a poesia morreu amanhã
e nós estamos no meio