terça-feira, 15 de março de 2011

A árvore que me estreia.

Eram húmidos os passos que dava,
reinava a sombra, a sombra do verde
que ocultava a luz,
nos pés a prova da virgindade
que percorria,
trilhos virgens anunciavam estalando,
o romper do hímen,
a fina película que norteia
o ponto em que o desconhecido
se conhece

Cortei ramos e folhas,
pisei ervas e calquei musgos,
equilibrei-me sobre frágeis
estruturas rochosas,
bebi da água que corria
montanha abaixo,
como se saída das nuvens,
bálsamo das feridas que o
meu corpo alimentava,
as chagas de um Deus que perdi
ao procurar-te.

No desânimo avistei-te
no desespero encontrei-te,
oásis de luz e sol
no que é da sombra,
perdida numa imensidão desértica
de areia,
que corrompe a fecundidade
desta selva que é
de musgo
e de ervas
e de ramos
e de árvores, e tu
plantada, à espera
da boca que alimentas,
ó árvore do que eu
vivo.

(Desconheço a maioria dos colaboradores do AEQUUM, no entanto, agrada-me a ideia de os ir conhecendo através das palavras, como se fossem elos que nos ligam ao desconhecido. Talvez as palavras sejam o único que importa conhecer de alguém. Obrigado João.)