Escapa-se o objecto sobre uma
distorção primeira
A energia original – substancialidade prima –
criou um eco que se escutou a si mesmo
caminho por si e em si caminhado
e para si criado numa condição imanente de esquecimento
Ressoa a constatação:
o encontro das paralelas dá-se no infinito
no infinito, nada sempre visto
convergem as coisas que se nos obrigam
a percorrer essas coisas mesmíssimas.
A dimensão de vitalidade,
halo que por excesso de sobreposição se nega a si mesmo,
constelação que de si para si se ausenta
torna-se-me equidistante, impossibilidade
em recusar a realidade da ilusão
A questão jamais será como fazer o corpo
mas, irremediavelmente, como ser o corpo
A energia original – substancialidade prima –
criou um eco que se escutou a si mesmo
caminho por si e em si caminhado
e para si criado numa condição imanente de esquecimento
Ressoa a constatação:
o encontro das paralelas dá-se no infinito
no infinito, nada sempre visto
convergem as coisas que se nos obrigam
a percorrer essas coisas mesmíssimas.
A dimensão de vitalidade,
halo que por excesso de sobreposição se nega a si mesmo,
constelação que de si para si se ausenta
torna-se-me equidistante, impossibilidade
em recusar a realidade da ilusão
A questão jamais será como fazer o corpo
mas, irremediavelmente, como ser o corpo
A síntese da imaginação – essa real
virtualidade –
-tricot cognitivo auto contraditório
–
põe-se agora em estado de coisa
problematizada
num zero formal unificante e intensificador
da sua negação necessária.
E porque flutua sabe-se corpo
unidade sintética da apreensão
-num “como se” nunca “para se”
que desimpede e desobstrui o
instrumento
para que este possa não ser como
sempre esperou
Esta antinomia do efeito
- este não que é sim exactamente por
sê-lo –
rasga o chão e abre fenda no céu
liberta, finalmente, a passagem para
o híper-orgânico que jamais o será
- excesso de não-si em si mesmo gera
o que procura negar
desprendido de alegações verbalistas.
[Nesta torrente
problematizadora
nesta guerra que as
sensações se fadam em se relacionar e não ser a guerra
expansão predestinada
porque inaudita
pouso ovóide a
cabeça e adormeço.
Acordarei agora para o
que me dizes…]
-Não dizes nada?
então, se me permites...
Constato possibilidades de
discriminar viventes
Coisas que vivem, por assim dizer não
dizendo
não disse vida, nem órgão nem ser
nada me o ditou
a coisa surgiu de tal forma, que tal
forma se me escapou
Há algo de nuclear no êxtase
sensorial
de captar existências por elas
próprias
extintas de um todo,
desenforcadas de uma cadeia
hierarquizada...
e há uma virtude soporífera
em escavar pelo umbigo de cada uma
dessas coisas
que se pré-existem a si mesmas
expressões omissas do conceito
determinado
Tudo luta por escapar à sua
palpabilidade
tudo peleja por e contra o seu útero
por e contra o conceito que busca e
de que se furta
compreender essa incompreensão
é meio caminho andado para voltar a
reiniciar todo o processo novamente
Ao não estarmos predestinados a tais
constatações
estamo-lo infinitamente mais do que
se o estivéssemos
E tudo mergulha nesta intensificação
da percepção,
da atenção-outra,
neste esquecer-me de mim, vector a
vector,
para que ao acordar, possa cair a
pique
de volta ao museu…
-É para estas merdas que
dizes para vir ter contigo? Enfim.
Vá, hoje faço-te um
desconto. Passa pa cá trinta paus?
-Mas percebeste ao menos
o que te disse?
-Claro que percebi. Vá,
trinta paus para cá...
que a voz de Nerval
também tem de comer.
(Évora, 4/12/2011)
nm-v