ah, tu estás aqui em baixo! aperto-te o abraço
engulo em seco. Viro-vos costas
a minha mãe, como mãe que é, oferece-me um lenço de papel.
Arroyo de La Luz!, ligeiro desvio a caminho de Alcántara
o empregado de mesa tem uma carne divinal...
uma foto do Che "colgada en la pared" e o campo em torno da vila citadina
"Obrigado!" diz-me ele... e ali abraça toda a realidade de raya
da varanda - ainda estás na varanda martinha? - tanta cinza caiu dessa varanda
tanta casca de pipa
acordei hoje de manhã e não estavas a dizer asneiradas!?
"não há césar nem meio césar"
"já te disse para tirares o indiano da boca"
escutem! aquele "bocadillo" estava demais... deviam passar do arroyo antes de deixar cáceres para trás
Mas que digo?
já guardei o lenço de papel no bolso...
vou contemplar a paisagem e fumar um cigarro, como se tivesse na cozinha
com a cafeteira derretendo-se por dentro... mas afinal onde ficou?? vai para cima? vai para baixo? vai para o lixo?
fecho a porta do carro,
deixo as lágrimas escorrerem-me pelo rosto abaixo e espero
entre o fumo e a luz da ponte de Alcántara
um eterno até já que as cegonhas transportam nas penas que deixam cair em tuas mãos
ainda estou na machacona aos gritos a teu lado
ainda estou na varanda do bar a dizer merda com todos vós
ainda estou no gabinete lá em cima a levar filmes
ainda estou no colmendralejo a ver as coisas mais belas da vida, as mais simples, as únicas que dão mais certeza à vida aqui
ficou mais um pedaço meu, em vossas mãos, e não sei se o vou buscar de novo
amigo/s o teu abraço ainda aperta o meus
obrigado!
não faz mal
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