sábado, 22 de março de 2014

poema de comboio #31

A sua imaginação rasgava as névoas indecisas que, diante da inteligente maldade, a sua inexperiência despregava como uma máscara casta e límpida cheia de placidez. Estas explorações fizeram-na muito cedo mulher, preparando-a a compreender mistérios e umas meias frases que ouvia aos gatos-pingados, se passavam por ela
ALMEIDA, Fialho de. A Ruiva 


estou de novo no mesmo banco
um comboio redondo
este é praticamente meu
o meu comboio redondo
um poema de comboio vem comigo
tu ouves-me falar da ruiva
e perguntas-me se será talvez
porém os miseráveis portugueses
eu não sei
nunca li outros miseráveis que não daqui
nesta mesma língua

há um poema dentro dos teus olhos
mas não é aquele que eu quero ler
há outros olhos que costumam ser o tu deste poema
e que me interessam muito mais
este é o meu comboio
e neste poema ainda sou eu que escrevo


espero e penso que sim