Agulhas
investigando na carne
procurando
o coração lilás dos corpos
coisas
que têm nome
e
são leves como penínsulas.
Desarrumam-se
as aparições
nas
molduras de ouro,
formas
que se furtam ao dedo
e
carregam o odor visceral do sonho.
Na
parede grita o coração da parede...
Corpos
com estátuas dentro,
esticando
o braço ao horizonte
-
o ébrio braço, o horizonte –
procurando
os bandos de aves marinhas
que
são povos derrotados em terra
leves,
agora, como folhas, deslizam sobre o vinho.
Do
vinho ficou o nome
e
a caixa de madeira para guardar os ossos
quando
já não servem para marcar os quadrantes.
O
longo pescoço das flores, as fogueiras
a
lâmina quente cortando a cara
pelas
rugas.
Subestimaste
os anos e as estações
deitaste
na cama o rumor das bússolas
-
os torneados corpos das bússolas –
Subestimaste
o norte, o leme e a voz...
A
carne rija das paredes
frias,
como o nome das coisas que são frias
fala
devagar misturando dialectos
explicando
a evolução das cores
das
mais quentes para as outras
e
justificando a monstruosa textura da cara
quando
pronta a morrer
A
casa está vazia. Mas há uma voz.
Há
um canto maior, um batimento
uma
vibração cíclica
...talvez
uma palavra repetida até ser água.
Procuro-te.
Escavo
com agulhas a parede
até
ao osso, até à estátua.
Procuro-te.
Procuro-te...
nm-v