sexta-feira, 3 de junho de 2011

Poesia doméstica

Sem óculos

Abri o saco da roupa e ouvi uma voz que dizia: pois até não falta assim tanta roupa para arrumar, esta, sei que devia ser 2ª ex namorada, depois ouvia outra voz, aí era a 1ª, era mesmo, dizia: esse monte olimpus de roupa, sem dúvida que era, que vais fazer com isso!? Talvez pela janela... depois outra voz de um amigo me acalmava e falava-me de outras coisas que eu não entendia... estava só, enfim, com os meus heterónimos – dizia – contente... falava comigo e contigo, estou certo que ouviste... depois outro amigo exaltado exigia que eu queimasse a roupa para não a lavar... que problema de luxos... impossível... mas entendido!

Sem óculos os meus olhos desfocam, o café faz cancro e o telemóvel dá azia! Vejo que despertaste sua besta! Comigo?! Claro! Sou conan o homem rã! E vim para reinar!

Uma palavrinha, pois necessito mesmo dela, para os exacerbados do poder! Atentai caros filhos da puta que o dia para vós é apenas parte da noite! Atentai, fachistas de merda! Tiranos instaurados! O esquema viciado! Pequenos chefes... tristes e amargas sombras de um sentido de grupo... hipócritas, sim, levanto a minha voz sem medo, vem cá, vem ao poema e tenta derrotar-me que eu pela lei sou fraco... incide em prosa a tua fúria e sai debaixo da saia da Paula Rêgo, quem és tu afinal? A não ser um monte de papéis sem rosto? Julgas pois que o poder que tens sobre a vida dos outros é superior ao sentido de profissionalismo? Julgais-me com medo? Falai-me na melhor prosa de ficção – a sua, pois nem que eu estude dez anos chegarei ao seu nível exacerbado e surrealista! Bravo! É um caso de estudo meu caro... Quem sois vós? Hipócritas sem mais que... e eu? mentiroso a teu proveito, morra eu se me preocupo com o sentido de justiça para além do que ele me ensina... é frase simples? Dormis descansado? Pois que sim, embalado pelo leito do vale tudo! Um dia, de novo, que me chames mentiroso, seu cobarde, e eu, que me quede inválido pela luz ofuscante do teu poder, e então cessarei as minhas armas perante tão grandiosa verdade; ó meu pequeno chefe...