a arquitectura da recordação
tem nome de doença,
mastro que trabalha na profundidade
das pequenas rutilações da temperatura
da têmpora que já não era tua.
Morrer foi experienciar a velocidade inversa
do ofício de se ser humano,
foi um hermetismo inquieto
uma inquietação disposta sobre
lençóis brancos de imaculada insatisfação.
No outro lado da sala
- por entre fumos e fumos de anos -
os teus membros renascem
num balanço gentil de fábula
numa harmonia de essência e cerne.
Muda, porque desacreditada
certa, porque assimétrica.
Essa voracidade, essa tenebrosa
regra que desqualifica o teu automatismo,
respira do espaço que compreende
a distância entre o estar
e o poder ter estado
entre o sonhar e o quisera ter sonhado
Toda a incerteza é vingativa
porque recria a crença
que a coloca em causa
E toda a recordação é inquieta
porque desobedece ao ruído próprio
dos estrépitos do passado.
[Os meus parabéns ao blog e a que a ele tanto se dedicou. Grande abraço João. Até breve!]
porque para além de poesia experimental também existem experiências poéticas ... todas as actividades de escrita estão em igual alcance do homem como ele deveria estar com a natureza ... aequum : equidade, imparcialidade, igualdade
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
estou no autocarro
sai da ribeira às 7 da manhã
subi até à estação em 17 minutos
bebi um café no lobito
ainda há gente que engraxa os sapatos depois da vista para o rio
sai do porto às 8 e parei para fumar em fátima perto das 10 e picos
ao descobrir que tenho internet no autocarro decidi
parar para fumar no aequum
e eis que esbato... eis que fumo em telepatia com os que ora fumam
embebedo-me em letras que ora escrevedes
amigos meus
amigas minhas
companheir@s do mundo
da fome e do pão
da miséria e da melancolia
da alegria e da inconstância
da constante esperança e descrença
dos que gritam e para os que não falam assim tão alto
a minha ialma está aqui em conexão com a vossa ialma
parabéns ao aequum
nesta data querida
quase chego a lisboa
tenho as pernas doridas
Obrigado a nós tod@s
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