a arquitectura da recordação
tem nome de doença,
mastro que trabalha na profundidade
das pequenas rutilações da temperatura
da têmpora que já não era tua.
Morrer foi experienciar a velocidade inversa
do ofício de se ser humano,
foi um hermetismo inquieto
uma inquietação disposta sobre
lençóis brancos de imaculada insatisfação.
No outro lado da sala
- por entre fumos e fumos de anos -
os teus membros renascem
num balanço gentil de fábula
numa harmonia de essência e cerne.
Muda, porque desacreditada
certa, porque assimétrica.
Essa voracidade, essa tenebrosa
regra que desqualifica o teu automatismo,
respira do espaço que compreende
a distância entre o estar
e o poder ter estado
entre o sonhar e o quisera ter sonhado
Toda a incerteza é vingativa
porque recria a crença
que a coloca em causa
E toda a recordação é inquieta
porque desobedece ao ruído próprio
dos estrépitos do passado.
[Os meus parabéns ao blog e a que a ele tanto se dedicou. Grande abraço João. Até breve!]
Dá vontade de gritar, "BUM, EM CHEIO!". É um texto muito bom, já li 5 ou 6 vezes e ainda estou assim :O... O AEQUUM só pode estar deliciado por ter colaboradores com esta qualidade. Parabéns a ele e a todos os alinhados na esquerda (refiro-me à coluna ;)).
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