suponho e calculo que sim
no final do dia, depois da pressa do diário quotidiano, sentou-se no sofá
sozinho, à beira do ataque final, com o peso do mundo sentado ao colo
a exigir que mudasse para o canal 3, pois queria ver as notícias
sem este sim nunca poderia haver a mais palavra de todos os tempos
eu adiciono, vós adicionais, todos confirmam, eles possibilitam, nós dizemos que sim
não, não acredito que esteja fora do prazo
já a minha avó me dizia que se podia perfeitamente comer iogurtes com dois ou três dias depois da data de expiração... às vezes até uma semana depois. No fim, mesmo no fim, vai tudo parar ao mesmos lado
não...
enquanto houver monossílabos desta qualidade
ainda há esperança para o diálogo frívolo da humanidade
em 1933 a Constituição Portuguesa criou o estado de alma mais fácil para o português de hoje... na altura doeu muito, hoje parece que agrada... valham-nos as palavras
ora claro que sim
ora, não sei bem,
mas... sim... não
ainda aqui estamos? espectacular. O mundo cai. Évora arde (amigo... essa sim é de loucos! - bela comunicabilidade da auto-referência da arte). O Japão afoga-se e tenta voar para escapar. ainda aqui estamos?
e partimos directos para os dissílabos
o Homem crê ainda na escolha... entre o sim e o não pairam as inúmeras reflexões e itinerários intelectuais que o fazem humano...
ora, talvez, porém, julgo...
... e em que é que vamos acabar... onde é que estamos de acordo
espectacular esta nossa língua
e dizia para a minha avó o seu irmão, meu tio-avô - [kutshilaste e non bilaste] - andamos todos a dormir e esquece-mo-nos de ver com os olhos da alma?
avé palavreadores, dialoguemos até à exaustão
num pedacito à beira mar plasmado vamos todos arrastando os calhaus que fazem as calçadas, com os ténis mais baratos possíveis, à procura (sempre nisto ... sempre nisso), à deriva entre lógica e vontade de ser "ser"... marrecos de dizer sempre as mesmas coisas ... é por isso que eu digo precisamente aquilo que me dá na telha... enquanto assim for não existem sílabas que cheguem ...