domingo, 17 de março de 2013

lisonjeado
a calmaria
as novas cores
todas as formas e
todas as normas e
todas as mortas
frases e
calmaria
...

olhavas de súbito ruminando um local impossível de guardar
amarelos os olhos da pedra colhida num átrio reprimido pela foice

publicavas artigos como quem pastava a massa que o teu primo amassou
estava tudo visualizado... aplicados os efeitos à onda sonora onde dormias um pouco
partias os ossos nas ondas de um mar, mijado contra a parede, uma frase a negro
spray. cor de gato. cor de frase. cor de mar.

olhas de novo sem perceberes que a perna te tapa o passo
não adias nem recuas nem procuras o que o jornal de ontem não deixou passar

a calmaria
lisonjeado
todas as cores e
todas as lordes e
todas as formas
frases e
calmaria

...
localizavas a dor que nunca achaste no dedo do pé... gosto muito mais
da parte queimada, por cima, da nata, do pastel e do pastel de nata

Choque Epilético

Não, não...
Desculpem lá mas choque é que não!

Estava-se mesmo a ver!
Sempre se esteve mesmo a ver quando estava tudo turvo.
Portanto, estou de acordo com toda a mortandade menos com o choque.

Gosto pouco de hipocrisia à beira da campa.
Para quê? Os vermes geralmente comem mesmo sem pedir favor.
De qualquer maneira, se acelerar peçam lá com jeito.

Depois de acabarem com a choradeira vejam lá se sobra alguma lágrima a sério.
Porque ninguém chora como deve ser só por refluxo gástrico.
Quando se desperdiça tudo, há uma secura da emoção prolongada e defenestrante.

Aquela que é chorada em grandes quantidades de tempo,
vertendo sem ficar tudo molhado, um ácido interno de interregno sorumbático.
Qual queda sem interesse a não ser para quem interessa:
E quem interessa não sabe ou chora, só demora em se eclodir.

Pronto, fecha lá isso com jeito.
Eu não tenho uma morte contada numa capela qual voyeur de Sintra:
mas ao menos que fechem o caixão com jeito...
À cautela.