sábado, 8 de março de 2014

poema de comboio #29

eu pensei que nada temia a chuva quando se aflige a vizinha com o barulho dos homens de lixo

fazia uma gemada com as paragens do autocarro e pensava no fim do passe, passe por favor, social e lividamente.

coloquei um ponto final no percurso zangado e sem curvas aflitivas, preocupadas com o mau estado do piso. piso em mau estado, Cláudio

uma letra maiúscula na leitura do teu conto sem espaços sem parágrafos suficientes para uma pausa do andar coxo por entre as linhas do metro

os produtos incorrigíveis passam a correr com os putos na rua ejaculando sangue nas paredes inúteis. são modas distintas a de foder ou pintar uma parede e no entanto corres para o teu filho.

600 palavras são menos que 800 – seiscentas seis sentas oito sentas – para se sentar na mesa pousava o braço veloz e olhava com brilhos de pedra, furando o baile pós-medieval que na chuva se rasgava, mirava tudo na sua mira titânica do adeus opaco