em 88, quando a chuva era quente, matei-te e não te queixaste, e o mundo era só harmonia
as etiquetas das camisolas e camisetas faziam-te comichão nas costas, hoje não existem ou são apenas pedaços sintéticos de algodão nostálgico que não provoca a comichão do passado
em 87, ainda não te tinha matado, e o mundo estava na mesma em harmonia. o muro de berlim estava à espera da tua morte, e o roger waters à espera da sua queda.
os locais presentes no passado da tua memória, catapultam-se o que torto se endireita, e as balas batem contra a boca que tenta berrar o que não deve ser pronunciado, matei-te e não te preocupaste com nada, nem eu
em 86, as opções seriam bem mais reduzidas, o michael jackson já estava mais que preparado para partilhar com o mundo uma lição que já o isaltino nos ensinou - eu tentei não ser mais preto mas podia ser só uma doença de pele - anyway, eu fiz videoclips de apoio aos que ainda são pretos e com orgulho, e aos animais
em 85, o ano era demasiado redondo para me lembrar de nós, e o sol não gostava muito da rússia. estavas loira e o tempo não focava bem os contrastes das sobrancelhas negras.
o local do nosso encontro é o mesmo, e não razão para guardar rancor. eu matei-te e ainda respiras à espera que te mate em 84