Quem, tu?
Tu! Que vens do pó das coisas acesas e termelicantes!
De todas as coisas que se agarram e contornam, apareces tu.
Vais chover de novo numa curva familiar,
Boomerang autista de permanência; opaca e inatingível.
Vais ficar em pranto estático, um dolo roxo de perdões.
Vais... Vais para a puta que te pariu!
Era o que me faltava agora também, estrebuchar no meu lixo.
O teu é tão mais verde de inquietude e medo; tão mais saboroso.
Quero roer-te os traumas e lamber-te as marcas das pancadas;
E quanto às feridas (quantas todas foram):
verter o sal das minhas lágrimas em riacho,
etilizar-te o sangue de ontem, numa defunta propagação de vida:
- Belisco-te os olhos no sussurro chuvoso d'ontem.
Mas tem que ser sempre aqui, neste lugar de almas tuberculosas,
de marquesas caducas de brilhantismo
do anteontem que queima a pele bolorenta
que aquece e distrai o corpo magoado pelo vento.
E o que é preciso:
É ver no tempo todo o segundo;
É despachar na completude da sua passagem todas as horas - as outras;
É baralhar todos os caminhos cruzados da ausência;
É raspar da alma as sobras de ilusão.
Deixar uma desilusão calma elevar-se em forma de vontade,
Definhar em encolhimento confortável e fixar uma promessa de jura impossível:
"todos os prantos possíveis passarão por mim a flutuar,
para que possa tocar no chão apenas enquanto peso morto."
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