quarta-feira, 21 de março de 2012

eu sei quem tu és
as ondas trouxeram-me o sol
o suficiente para te ver
e para agendar novo encontro

na folha estão as coordenadas
e tu corres em busca de asas
para aterrar do teu sonho
em terra

são as letras que te afeiçoam
é a face que apregoa a retórica
e guardas no bolso a imagem que máquina não sabe capturar
capturas-em com esse delinear frouxo
a cor negra da tinta que vamos respirando

em tempos, em infinidade, eu escrevi tudo isto
e mais escreveria se quisessem as folhas
desfolho-te, desfolhas-me, e as palavras não me deixam
nem te deixarei calar nunca
porquanto tiver o sol que me deixa ver quem sou
e a chuva onde a vida não reclama
eu poderei ler-te
ler-vos
e marcar tertúlia
das almas
para outros dias
vindouros.

um afecto enorme que eu sinto
e que não deixo nunca, não como deixaria a carteira em tua casa
ou outro objecto do meu esquecimento

eu sei quem TU és
e TU sabes quem SOMOS
porque te LÊS
porque NOS lemos
e não nos esquecemos ainda
de como se escreve

Saúdo-vos irmãos/ãs
a vida começa ontem
a poesia morreu amanhã
e nós estamos no meio

4 comentários:

  1. Estamos no meio e somos também o meio para que a vida, a nossa e a da poesia, tenha começado ontem, tenha morrido amanhã, e se perpetue no "hoje" de todos os dias. Um abraço!

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  2. Lindo amigo João! Grande abraço Poeta!

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  3. Obrigado companheiros. Um forte abraço para tod@s nós.

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  4. Impecável, João! Muito bom. Gosto bastante daquilo a que chamo "insistência do verso"... da(s) palavra(s) que que recusam a sua morte, surgindo e resurgindo nos versos seguintes. Mui bem! Abração.

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