Haja alguém que tenha coragem e que me grite aos ouvidos aquilo que eu quero ouvir,
"A morte, amiga, é algo que trazes no bolso há tempo demais!"
e o meu bolso sem fundo, descosido
(e a linha a entrar na agulha)
e sem sequer saber se valeria a pena remendar.
(e a linha que não quer enfiar)
- Joana, traz-me a agulha que tenho aí...
(mas nisto tentava...)
e o aí que a Joana procurava, à toa
(entrou!)
e um
- Deixa, já não é preciso
e a Joana a ver do aí, onde talvez pudesse encontrar mais do que uma agulha
(pano duro, este...)
já lhe tinha dito que não era preciso
- Eu sei, ouvi, mas o que queres...
(e o pano que não ajuda)
- Talvez vá precisar...
(e a agulha torta, sem jeito, sem forma, sem ser dura e recta a entrar)
o aí finalmente revelado
- Queres mesmo?
(nem agulha, nem linha, nem pano...)
- Aqui tens outras calças, talvez...
(já perdida no pano, com a agulha e muita linha)
- Não, tem de ser este o bolso.
e a Joana a ver o torto da agulha nos jeitos da sua mãe
- A morte só conhece um bolso
(e é nele que procura andar)
Gostei muito!! :)
ResponderEliminarTambém gostei muito
ResponderEliminar(demorou a endireitar os olhos)
- mas já sabes que de manhã vejo mal
e sentei-me no computador
(sem óculos e sem luz do dia)
- Vicente, granda Malha!
:) definitivamente não é algo que se leia de manhã. Obrigado a vocês e um grande abraço.
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