cá se vai… e tu
foges e corres e saltas
mas não apanhei
nada pelo caminho, andando
com a cabeça…
e eu fujo e
corro e pulo entre as orelhas…
são
duas da manhã e o candeeiro lá fora continua a confundir as galinhas do
vizinho. Aqui não há mais nada que me faça crer que vivo, que faça querer a
vida, que me faça lembrar quem és. só três da manhã – são horas de despertar as
quatro e eu não sei porque estou na cama e não na varanda. Lembro-me. sei quem
eu sou apenas parcamente falando
e tu saltas tu
corres tu tu tu… cá se vai
é difícil estar
a tempo andando com a cabeça
não não apanhei
o comboio mas estou lá dentro enquanto miras
e eu fujo e
corro e pulo murmuro entre as orelhas
ontem quando as
palavras não se sabiam escrever e ainda esperávamos a primeira aula de terapia
das falas, falavas como se nada fosse importante nada tinha real valor e era
tudo tão cheio de significado sem o dicionário
ontem o hoje que
ontem implicava haver num amanhã apenas despertado num sonho carregado entre
nuvens de olhar e cinza. Como se nada fosse realmente cinzento e como se tudo
estivesse pleno de cores só tuas.
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