porque para além de poesia experimental também existem experiências poéticas ... todas as actividades de escrita estão em igual alcance do homem como ele deveria estar com a natureza ... aequum : equidade, imparcialidade, igualdade
segunda-feira, 24 de março de 2014
sábado, 22 de março de 2014
poema de comboio #31
A sua imaginação rasgava as névoas indecisas que, diante da inteligente maldade, a sua inexperiência despregava como uma máscara casta e límpida cheia de placidez. Estas explorações fizeram-na muito cedo mulher, preparando-a a compreender mistérios e umas meias frases que ouvia aos gatos-pingados, se passavam por ela
ALMEIDA, Fialho de. A Ruiva
estou de novo no mesmo banco
um comboio redondo
este é praticamente meu
o meu comboio redondo
um poema de comboio vem comigo
tu ouves-me falar da ruiva
e perguntas-me se será talvez
porém os
miseráveis portugueses
eu não sei
nunca li outros miseráveis
que não daqui
nesta mesma língua
há um poema dentro dos teus olhos
mas não é aquele que eu quero ler
há outros olhos que costumam ser o tu deste poema
e que me interessam muito mais
este é o meu comboio
e neste poema ainda sou eu que escrevo
espero e penso que sim
sexta-feira, 14 de março de 2014
Sem poesia...
Sem poesia...
As pedras de calçada soltam-se
deixando a terra despida e néscia,
Suas sombras aprisionadas
revoltam-se perante tal facto.
Os corpos embebidos em álcool,
Gélidos, inertes, arrojados
em seduzir a terra (sem rumo),
Num grito desesperante e vertical
em busca do seu vício.
Sem poesia...
As pedras de calçada reclamam
o silêncio,
O vazio
A folha de papel é apenas uma folha
pálida, invisível,
paradoxal a sua existência,
sua criação (sem rumo)
sem nexo, sem vício,
Sem poesia...
Marco Mangas @ 14 de Março de 2014
sábado, 8 de março de 2014
poema de comboio #29
eu pensei que nada temia a chuva quando se aflige a vizinha com o barulho dos homens de lixo
fazia uma gemada com as paragens do autocarro e pensava no fim do passe, passe por favor, social e lividamente.
coloquei um ponto final no percurso zangado e sem curvas aflitivas, preocupadas com o mau estado do piso. piso em mau estado, Cláudio
uma letra maiúscula na leitura do teu conto sem espaços sem parágrafos suficientes para uma pausa do andar coxo por entre as linhas do metro
os produtos incorrigíveis passam a correr com os putos na rua ejaculando sangue nas paredes inúteis. são modas distintas a de foder ou pintar uma parede e no entanto corres para o teu filho.
600 palavras são menos que 800 – seiscentas seis sentas oito sentas – para se sentar na mesa pousava o braço veloz e olhava com brilhos de pedra, furando o baile pós-medieval que na chuva se rasgava, mirava tudo na sua mira titânica do adeus opaco
fazia uma gemada com as paragens do autocarro e pensava no fim do passe, passe por favor, social e lividamente.
coloquei um ponto final no percurso zangado e sem curvas aflitivas, preocupadas com o mau estado do piso. piso em mau estado, Cláudio
uma letra maiúscula na leitura do teu conto sem espaços sem parágrafos suficientes para uma pausa do andar coxo por entre as linhas do metro
os produtos incorrigíveis passam a correr com os putos na rua ejaculando sangue nas paredes inúteis. são modas distintas a de foder ou pintar uma parede e no entanto corres para o teu filho.
600 palavras são menos que 800 – seiscentas seis sentas oito sentas – para se sentar na mesa pousava o braço veloz e olhava com brilhos de pedra, furando o baile pós-medieval que na chuva se rasgava, mirava tudo na sua mira titânica do adeus opaco
sábado, 1 de março de 2014
poema de comboio #13
passa-me sempre esta imagem e parece que soa sempre rápido demais. não houve problema algum, mas andei três dia correndo a cidade à espera de resolver tudo no mesmo dia. na mesma tarde aparece-me este deserto. até os jardins de entrada da faculdade estão amarelos. o meu sorriso dói-me. a cabeça está pesada e não consigo achar piada alguma ao humor cínico da sucessão de eventos num período de tempo contínuo.
eu existo e sei que existo porque me dói as costas e porque o peso de ser é tão sarcástico como a mesma existência. não há outra maneira de o dizer sem ser estando calado. não haverá outra possibilidade de me fazer compreender. os actos não chegam. as pedras não voam com a velocidade que eu desejaria para elas. custa tanto acartá-las num bolso toda a vida para ver que o futuro delas é mais incerto que o vidro que não conseguimos partir.
tanto tempo. tanta coisa gasta. tanta pedra polida e sapatos rotos e sem atacadores coerentes. não havia mais nada para comprar. não havia mais dinheiro na conta. conto então o meu segredo e chego à conclusão que estava tão bem guardado. que desperdício. de tempo. de tanta coisa gasta. sinto, sinto que sim. sei, mas não sei quando e porquê. acertaria em cheio nesse vidro se apenas a pedra não padecesse da mesma falta de vontade de viver.
um projéctil sem projecção. mas que merda. mas porque é que perco tempo? mas porque é que tenho tempo para perder? mas porque é que há tempo? mas porque é que esse tempo que existe não nos pertence e, mesmo assim, o perdemos sempre? querias o tamanho xxl? uma explicação "jumbo size" e uma certeza em tamanho americano número nove e um quarto. querias uma vida toda num catálogo de roupa, tendência de outono. percebe-se
in Diário Liberdade.org
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