quarta-feira, 30 de março de 2011

¡Soledad!

Como un sueño olvidado
yo me acuerdo,
tu nombre,
como mayúsculas diseñadas en
una hoja de hierro,
mi rostro se enciende con la luz de
tu nombre,
yo hago lo que se suele hacer con
los nombres,
te llamo, ¡Soledad!
¿Qué coño haces en mi cuerpo?
Giras tu rostro hacia el mío,
sonríes, y te quedas inmóvil,
justo como un rotundo “no”,
una negación de lo que eres,
de lo que sueles hacer en el
cuerpo de un hombre que te
quiere como un olvido,
una presencia ajena,
un sentimiento a que nadie  se acostumbra,
y me dices,
¡Joder! ¿Por qué carajos me tienes en tu cuerpo?
Yo vivo en ti, ¡Soledad!

domingo, 27 de março de 2011

"não quero nada / já disse que não quero nada" não quero... não posso... não devo... não vejo... não oiço... não sei... não sei se... não sei como... não sei porque... não sei para.. ..................................................................................... e ainda não usei um único ponto de interrogação ! as cores dos meus olhos contra o branco do espelho acordam , por fim, o ser adormecido vejo mudança... enquanto tudo se queda da mesma maneira

terça-feira, 22 de março de 2011

Restiforme

Caminho numa rua que nem sempre é rua,
E encontro as pessoas que lá não estão.
Caminho até talvez sem caminhar...
Nos passos do corpo...

Socorro-me afogando-me.

Existo sem existência...

Queria ser um pouco mais do que homem,
Viver um pouco mais que a aparência da vida.
Sou um pouco mais que nada... sim, mas quero ser um pouco mais que tudo!

Resguardo-me na intempérie da loucura,
Ainda a vida me não cansou.
Não é dinheiro ou fama, amor, saúde ou cultura, queria apenas ser um pouco mais do que homem...

Existo rodeado de inexistências,
todas as coisas, fúteis...
Mas não me canso de existir, ainda que já nem exista...
Não me canso de fazer, ainda que não faça...
Canso-me de tanto querer e tão pouco alcançar!
Canso-me de me ver sorrir engolindo o jantar...
Queria apenas ser um pouco mais do que homem... queria apenas, quem sabe, voar...

Poesia (do outro)


Tudo aquece nesta mesa,
o papel,
com as suas pontas levantadas,
espreita o que lá fora
permanece impune à passividade
dos dias
O livro, “Poesia” de
San Juan de la Cruz,
estala na largura da sua
lombada e solta a
música, qual génio,
presa no interior
de poemas,
gastos,
por olhos desatentos e cegos
à beleza que o negro da tinta
esconde
E eu adormeço,
num feito do que é terno
e quente, e ouço, ao longe,
o ressoar da música de San Juan,
que é feita de palavras 
que rimam
mas que no fim, nada dizem,
somente o suave sibilar
da sua música ecoa,
no mais profundo do
meu sono.

segunda-feira, 21 de março de 2011

as sílabas do diálogo

sim
suponho e calculo que sim

no final do dia, depois da pressa do diário quotidiano, sentou-se no sofá
sozinho, à beira do ataque final, com o peso do mundo sentado ao colo
a exigir que mudasse para o canal 3, pois queria ver as notícias

sem este sim nunca poderia haver a mais palavra de todos os tempos

eu adiciono, vós adicionais, todos confirmam, eles possibilitam, nós dizemos que sim

não, não acredito que esteja fora do prazo

já a minha avó me dizia que se podia perfeitamente comer iogurtes com dois ou três dias depois da data de expiração... às vezes até uma semana depois. No fim, mesmo no fim, vai tudo parar ao mesmos lado

não...
enquanto houver monossílabos desta qualidade
ainda há esperança para o diálogo frívolo da humanidade

em 1933 a Constituição Portuguesa criou o estado de alma mais fácil para o português de hoje... na altura doeu muito, hoje parece que agrada... valham-nos as palavras

ora claro que sim
ora, não sei bem,
mas... sim... não

ainda aqui estamos? espectacular. O mundo cai. Évora arde (amigo... essa sim é de loucos! - bela comunicabilidade da auto-referência da arte). O Japão afoga-se e tenta voar para escapar. ainda aqui estamos?

e partimos directos para os dissílabos

o Homem crê ainda na escolha... entre o sim e o não pairam as inúmeras reflexões e itinerários intelectuais que o fazem humano...

ora, talvez, porém, julgo...

... e em que é que vamos acabar... onde é que estamos de acordo

espectacular esta nossa língua

e dizia para a minha avó o seu irmão, meu tio-avô - [kutshilaste e non bilaste] - andamos todos a dormir e esquece-mo-nos de ver com os olhos da alma?

avé palavreadores, dialoguemos até à exaustão


num pedacito à beira mar plasmado vamos todos arrastando os calhaus que fazem as calçadas, com os ténis mais baratos possíveis, à procura (sempre nisto ... sempre nisso), à deriva entre lógica e vontade de ser "ser"... marrecos de dizer sempre as mesmas coisas ... é por isso que eu digo precisamente aquilo que me dá na telha... enquanto assim for não existem sílabas que cheguem ...

sábado, 19 de março de 2011

Obnubilações

Aqui,
onde o ser se mistura com o não ser,
onde não há género e o número é plural,
onde encontro o que perdi sem procurar
Aqui,
onde as cores do inconsciente se pintam,
onde é fácil atingirmos o difícil,
onde não há esquecimento por nada terminar
Oiço,
( Professora- "Vicente, dê-me um exemplo de um arquifonema.")
Não oiço,
há conceitos que não transitam,
há conceitos que não passam a fronteira
Aqui,
há ilusões que iludem conceitos,
estados mentais que obnubilam o real,
Há sensações por definir em sentidos,
Respondo,
( Eu- "O mundo é um arquifonema".)

noite de lua cheia de...

entre a névoa daquilo que é
a neblina do que pode ser
as nuvens do que já foi (constantemente a chover)
surge a lua cheia de esperanças e conclusões falsas

quinta-feira, 17 de março de 2011

Poema dos 30 segundos

Quero informar
todos os caros leitores
que todas as palavras
que aqui poderiam estar
são da inteira responsabilidade
de quem as lê.
Obrigado.

Rodrigo Antão [17-03-2011]

Paleio técnico

O sector do parâmetro

Fugiu a correr da pluralidade cultural.

Encontrou o âmago do gráfico

Que o arrastava com valor sentimental.


A dívida passou a ser soberana;

Uns à rasca, outros na mama, todos nem tanto.

No entretanto, pergunto-me o que aconteceu à informação

Que com tanta atenção, se tornou automática.


Coitadas das declarações normativas,

que são tudo menos positivas.

O PIB chegou ao déficit, esmurrou-lhe a cara e excluiu-o da rede social.

Desta feita acho que nem chega ao Natal.


Quando tudo terminar, não existirão tecnicismos que nos valham.

Restaremos nós.

Quando nos encontrarmos, saberemos que tudo está bem.


Rodrigo Antão [17-02-2011]

A existência

A vazia existência não existe.

Eu existo

Tu existes

Ele existe. Ela existe.

Nós existimos

Vós existis

Elas existem. Eles existem.


Existem factos. Existem letras. E palavras.

Vamos existindo pelas avenidas da existência.

Fazemos coisas. Existimos.


Por favor arranjem-me um conceito que exista.

O que é isto?


Rodrigo Antão [17-03-2011]

terça-feira, 15 de março de 2011

A árvore que me estreia.

Eram húmidos os passos que dava,
reinava a sombra, a sombra do verde
que ocultava a luz,
nos pés a prova da virgindade
que percorria,
trilhos virgens anunciavam estalando,
o romper do hímen,
a fina película que norteia
o ponto em que o desconhecido
se conhece

Cortei ramos e folhas,
pisei ervas e calquei musgos,
equilibrei-me sobre frágeis
estruturas rochosas,
bebi da água que corria
montanha abaixo,
como se saída das nuvens,
bálsamo das feridas que o
meu corpo alimentava,
as chagas de um Deus que perdi
ao procurar-te.

No desânimo avistei-te
no desespero encontrei-te,
oásis de luz e sol
no que é da sombra,
perdida numa imensidão desértica
de areia,
que corrompe a fecundidade
desta selva que é
de musgo
e de ervas
e de ramos
e de árvores, e tu
plantada, à espera
da boca que alimentas,
ó árvore do que eu
vivo.

(Desconheço a maioria dos colaboradores do AEQUUM, no entanto, agrada-me a ideia de os ir conhecendo através das palavras, como se fossem elos que nos ligam ao desconhecido. Talvez as palavras sejam o único que importa conhecer de alguém. Obrigado João.)

sábado, 12 de março de 2011

inv/ferno

enquanto a noite me fala em choviscos
com a almofada falo eu em lágrimas

os pesadelos gritam-me ao ouvido
o peso, as nuvens, o frio, sussuram-me ironias

o sarcasmo dos dias de chuva

a idiotice do pessimismo

enquanto o dia me fala em "molha tolos"
eu respondo com o bater de teclas

porque me doi demasiado a garganta para poder gritar

terça-feira, 8 de março de 2011

De volta ao básico

No deserto que é o meu ser, na aridez que me povoa, procuro nessa infertilidade, a água para beber, a sombra do grifo que voa, a semente que me fez crescer.

Mas é estéril o meu pensamento, tão vazio e tão oco, nas suas paredes ainda pende, oscilante o meu tormento, que de tanto sei tão pouco, de algo que não se aprende.

Se de mim não sei nada, por mim tudo quero saber. Ó deserto o que me sopras ao ouvido? Como posso eu aprender se o que me dizes não faz sentido?

Estou nú, crú. Quero começar de novo. Quero sair...já aqui!
E é agora, nesta precisa hora, que me vou libertar, que vou poder dizer: Finalmente! Renasci!

sábado, 5 de março de 2011

a senhora tem um canito ao colo
tens as pernas esticadas, uma manta que a conforta

os canitos, cadelinhas na verdade, equivalem na senhoria
olham-me com olhos ternos
traduzem-me a calmaria e a paz de me encontrar noutra casa que posso chamar com esse nome

comi carne

comi carne porque a simplicidade com que ma oferecem
ultrapassa qualquer "fundamentalismo" ideológico que me possa passar pela cabeça
porque é impossível resistir a tamanha humanidade

acabei vindo sozinho - de certa forma -
e sinto-me tão acompanhado

afinal,
a minha casa, a minha pátria,
está em qualquer canto desta península paradísiaca

como amo a vida nestes momentos

quinta-feira, 3 de março de 2011

"(...) perguntava o homem da gravata - estás a tirar um curso de quê? - o moço respondeu - de literatura! - e o homem indiferente - e isso serve para quê? - responde então o moço agitado - serve para ser agricultor, então voçê não ouviu já falar do ecostress?! É quando uma pessoa vai para o campo à espera que as alfaces nasçam à velocidade do supermercado e depois entra em stress e culpa-se porque a alface não cresce mais rápido. É necessário saber ler compreende?! (...)"

quarta-feira, 2 de março de 2011

e depois...
tu voltavas do trabalho

massajava-te os pés em frente à televisão

fuma um cigarro com a gata ao colo
e sonhava um sonho que não conhecia

e depois...
mudava a bilha do gás de um selector para o outro

tomava um banho quente quanto baste
e dormia, finalmente, sem qualquer dificuldade

e a cama agarrava-me até aos últimos minutos possíveis da manhã do teu sorriso
isso ... já nunca perco

terça-feira, 1 de março de 2011

e no entanto vou-me desgastado em regressos
perdendo peças do motor que a alma constitui

queria pura e simplesmente clicar no DELETE
e encontrar na RECICLAGEM forma de mudar a vida

defino-me todo em palavras e perco a simplicidade das coisas:
distância: troço físico que se traça de um local ao outro ... medido por km, m, etc.
distância: foda-se como me dói estar, ser, distante todos os dias

ausência: falta de presença de um elemento num "plano físico e palpável"
ausência: (...)! ? ---- !? eterno constrangimento !?!? perca do controlo de mim...! . ¡'¡'¡¿?¿?¿ procura eterna de tornar presente o que dói pela distância.

amar: acto, a nível humano, descrito por milhares de anos de filosofia, história, ciência, sexo, lágrimas, dores, sorrisos (---) e a lista continua
amar: se soubesse quão simples é o amor não precisava de tanta palavra supérfula, que no fim só me complica a defenição de algo que só um cheiro, um toque, um calor, consegue descrever