A
lenta combustão da manhã…
despertar sobre
extintos quartos
numa planície
abandonada por deuses e chuvas,
paisagens tombadas
sobre o grito que alguém
uivou perante os
silêncios erguidos no mar
e em terra
cristalizados nos interstícios de sonhos
de extintos dedos sobre velas ainda acordadas.
Há uma canção ardendo
a meus pés
e lençóis bailando na
ausência de ar
interno, nesses
estranhíssimos quartos de vidro…
Transformar a
irrealidade em milagre
e o fogo em coisa
amada
colora de ondas o
braço rudimentar
de uma carícia violenta,
tinge de espasmo a
mão fechada
que deslumbra a
eternidade
no ínfimo gesto de se
manter inalterável.
Dormindo e acordando
se restabelecem fôlegos
colhidos em bocas
caladas que se beijam
- que se anulam em
vectores de línguas -
e em pálpebras
branquíssimas
esmagadas por um
pecado primeiro
edificado a extremos
e cravado a profundidades impossíveis.
Há um quarto onde
despertas em chamas
e há as chamas que a
mim me despertam…
um mar que se ergue
nos lençóis
que traíste …
E há um bilhete no
chão, escrito com a tua letra,
e nele um grito sem
ar descuidado na pontuação….
Provavelmente será
teu o branco incêndio…
…ou talvez a memória
dessas impossíveis pálpebras…
Sem palavras a acrescentar...
ResponderEliminarPalavras tais só podiam ser oriundas do grande Nuno Mangas - Viegas.
Sem me apresentar, aproveito para informar que tive a oportunidade de ler a "Revista Literária Digital D'AEQUUM" e considero um projecto bastante interessante.
Recebam os meus sinceros Parabéns, aguardarei pelo nº 3.
Um bem haja...
Marco Mangas - http://nothingelsegrey.blogspot.pt/
Caro Marco, da parte do grupo da revista, um grande obrigado. Aqui as palavras do shô Nuno são já uma lufada de letras frescas que nos animam sempre...
ResponderEliminarO teu blog está adicionado à nossa lista...
Aguardamos também com propostas tuas para o nº3...
Tod@s são bemvind@s
Bem haja
extintos quartos de um despertar - nem terços, nem metades -
ResponderEliminarum sonho lívido mas desconhecido por todos e todas
as letras, as vozes, as sombras,
vocalizações sombrias sobre extintas canções,
cantos de sala, onde a imperfeição espera, extinta,
mas sempre de chamas feita.
serve-me apenas um pires,
serve-me apenas um copo.