sexta-feira, 31 de maio de 2013

o vinho da vida, é como se nascêssemos na ressaca da bebedeira que a vida deveria ser. como se acordássemos mais tarde, enjoados, adormecidos, ressacados desse vinho. entornámos o vinho da vida sem sequer nos embriagarmos e nem chegámos a perguntar porquê, nem como, nem nada. e embriagamo-nos apenas porque não nos embriagámos o suficiente. batemos à porta da taberna em hora tardia. a noite é larga para nós e espera apenas pelo dia que mostrará a deformidade dos rostos embelecidos pela escuridão. tentamos sempre encontrar qualquer coisa neste chão, nem que seja o copo cheio da aguardente que adormece a força de encontrar outra coisa qualquer. olhamos a nossa esfinge no espelho atrás do balcão, com desdém a ignoramos e pedimos o segundo, é só mais um, por favor. e viramos os olhos para a contemplação do nada, que fica no canto direito quando se entra. o canto direito olha também para nós e nós sabemos disso, estremecemos violentamente, vimos a nossa imagem pelos seus olhos, fundos de copos de vidro baço e destorcido, a verdade e a mentira, juntos. revelamo-nos como aparições num êxtase divino, ou nem tanto... tinto? não. hoje, apenas aguardente para o espírito, copo duplo. só tu sabias como a noite iria acabar mas nem por um momento decidiste repensar. chega!: que brindemos então na ressaca!!

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